terça-feira, 8 de abril de 2014

O Lótus na Lama, o Crisântemo na Geada


O caule do lótus é oco, razão pela qual, ao emergir da lama é extraordinariamente 
limpo. A flor do crisântemo é tardia, razão pela qual, ao encontrar a geada do outono, é 
extraordinariamente fresca. Quando o interior é oco, as coisas exteriores não podem 
deixar sua marca; quando a flor é tardia, a energia é plena e resistente ao frio.
O que percebo quando observo isso é o Tao do cultivo do interior e da imunidade às 
coisas exteriores. A razão pela qual a Criação pode nos constranger, a razão pela qual 
as coisas podem nos influenciar, o motivo de a calamidade poder nos ferir, não é que a 
Criação possa de fato nos constranger, nem que as coisas possam de fato nos 
influenciar, nem que a calamidade possa efetivamente nos ferir - tudo se deve à 
resposta emocional que temos diante das nossa mente, como o vento que levanta 
ondas em qualquer direção na qual sopre. Se sabemos avançar mas não sabemos ficar 
para trás, se sabemos ser impetuosos mas não sabemos ser receptivos, nós nos 
constrangemos, nos influenciamos e nos ferimos.

Se formos verdadeiramente capazes de ser de tal maneira que nada nos ocorra nem 
surja em nós nenhum pensamento, sempre claros e calmos, impávidos diante das 
coisas exteriores, imunes às influências externas, seremos como um lótus que emergiu 
da água, sem a mácula da sujeira. Se formos verdadeiramente capazes de ocultar o 
próprio talento e percepção, sendo habilidosos mas nos mostrando limitados, sendo 
sábios mas com aparência de ignorantes, agindo de modo discreto, prontos a nos 
mostrarmos flexíveis, a calamidade e a fortuna não poderão nos afetar. Seremos como o 
crisântemo no outono, infenso à geada e ao frio.

Fonte: MING. Liu-I, O Despertar para o Tao. Pensamento

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