Certo jovem desejava ser sábio. Um dia ele encontrou um senhor, homem muito sábio e pediu-lhe que ensinasse a sabedoria. O sábio disse: Sim, porém deverás observar-me e quando eu te disser que faça algo, isso tu farás.
O jovem, sedento de conhecimento, firmou o trato com o sábio e passou a observar e esperar a instrução. Os dois foram então visitar uma família, muito pobre, porém muito hospitaleira. A família, apesar de não ter muito, pois tudo o que tinham era uma vaquinha, de onde tiravam todo o seu sustento, serviu os visitantes com muito apreço. O jovem aprendiz viu tudo aquilo e ficou muito admirado com toda aquela hospitalidade e o seu coração estava cheio de alegria, ansioso pela primeira palavra de instrução do mestre. Ao partirem, o sábio então perguntou ao jovem: tu estás preparado para a primeira lição? O jovem eufórico prontamente respondeu que sim. Então disse o sábio: Volta aquela casa, e mata aquela vaca. O jovem ficou perplexo com a palavra do sábio, chocado de tal maneira que pensou em relutar com o mestre, porém ele se lembrou do trato, e mesmo desapontado, fez o que o mestre pedira.
Algum tempo depois o sábio e o jovem voltaram aquela casa e vislumbraram algo muito bom. No lugar onde antes havia pobreza, agora havia fartura e então o jovem pode entender a instrução do sábio. Aquela família estava presa àquela vaquinha, enquanto ela estivesse ali, a família estaria acomodada. Ninguém ali conhecia o próprio potencial até se depararem com aquela dura realidade
*****
Um sábio mestre conduz seu aprendiz pela floresta.
Embora mais velho, caminha com agilidade, enquanto seu aprendiz escorrega e cai a todo instante.
O aprendiz blasfema, levanta-se, cospe no chão traiçoeiro,
e continua a acompanhar seu mestre.
Depois de longa caminhada, chegam a um lugar sagrado.
Sem parar, o sábio mestre dá meia volta
e começa a viagem de volta.
Você não me ensinou nada hoje diz o aprendiz,
levando mais um tombo.
Ensinei sim, mas você parece que não aprende
responde o mestre. Estou tentando lhe ensinar
como se lida com os erros da vida.
E como lidar com eles?
Como deveria lidar com seus tombos responde o mestre.
Em vez de ficar amaldiçoando o lugar onde caiu,
devia procurar aquilo que te fez escorregar.
Devemos procurar a raiz de nossos erros
e nos levantarmos com sabedoria e força.
*****
O Sábio e o Pássaro
Richard Simonetti
Conta-se que certa feita um jovem maldoso e inconseqüente resolveu pregar urna peça em idoso e experiente mestre, famoso por sua sabedoria.
—Quero ver se esse velho é realmente sábio, como dizem — pensou — Vou esconder um passarinho em minhas mãos. Depois, em presença de seus discípulos, vou perguntar-lhe se está vivo ou morto. Se ele disser que está vivo, eu o esmagarei e o apresentarei morto. Se ele falar que está morto eu abrirei a mão e o pássaro voará.
Realmente, uma armadilha infalível, como só a maldade pode conceber.
Aos olhos de quem presenciasse o encontro, qualquer que fosse a sua resposta, o sábio estaria incorrendo em erro.
E lá se foi o jovem mal-intencionado com sua armadilha perfeita.
Diante do ancião acompanhado dos aprendizes, fez a pergunta fatal:
—Mestre, este passarinho que tenho preso em minhas mãos, está vivo ou morro?
O sábio olhou bem fundo em seus olhos, como se examinasse os recônditos de sua alma, e respondeu:
—Meu filho, o destino desse pássaro está em suas mãos.
* * *
Esta história pode ser sugestivo exemplo da maldade humana que não vacila em esmagar inocentes para conseguir seus objetivos.
Será, também, uma demonstração das excelências da sabedoria, a sobrepor-se aos ardis da desonestidade.
Mas é, sobretudo, uma ilustração perfeita sare o destino humano, tão mal definido pelos religiosos em geral.
Consideram muitos que tudo acontece pela vontade de Deus, mesmo a doença, a miséria, a ignorância, o infortúnio...
Essa é a mais flagrante injustiça que cometemos contra o Criador, o pai de infinito amor e bondade revelado por Jesus.
A vida é dádiva divina, mas a qualidade de vida será sempre fruto das ações humanas.
Segundo os textos bíblicos, fomos criados à imagem e semelhança de Deus.
Filhos de Deus, o que caracteriza nossa condição é o poder criador que exercitamos como recurso dessa alavanca poderosa que se chama vontade.
Exercitando a vontade temos o poder de moldar nosso destino e de influenciar sobre o destino daqueles que nos rodeiam.
Há os que não vacilam em esmagar a Vida para alcançar seus objetivos, envolvendo-se com a ambição e a usura, a agressividade e a violência, a mentira e a desonestidade, o vício e o crime.
E há os que libertam a Vida, estimulando-a a ganhar as alturas, mãos abertas para a solidariedade.
Entre essas duas minorias, que se situam nos extremos, temos a maioria que não é má, mas não assume compromisso com o Bem.
Por isso, o mal no Mundo está muito mais relacionado com a omissão silenciosa dos que se acreditam bons, mas não desenvolvem nenhum esforço para evitar que os maus façam barulho.
Isso está bem claro na questão 932, de “O Livro dos Espíritos”:
Por que, no Mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons?
Observe, leitor amigo, o alcance da resposta, uma das mais contundentes da Codificação:
Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão.
Poderíamos acrescentar que a omissão dos bons favorece ainda que as pessoas se envolvam com o mal, por que ninguém as ajuda, nem ampara, nem orienta, nem as atende em suas carências e necessidades.
* * *
Algum progresso tem sido alcançado.
Fala-se muito, na atualidade, sobre cidadania.
Ser cidadão é estarmos conscientes de nossos direitos.
É lutarmos por eles, a partir dos elementares direitos à saúde, à educação, à habitação e, sobretudo, o inalienável direito à vida.
É um passo importante.
Podemos melhorar as condições de vida de uma sociedade, trabalhando pelos direitos humanos.
Mas há outro passo, bem mais importante:
É preciso assumir deveres, particularmente o dever fundamental de exercitar a solidariedade, vivenciando a lição maior de Jesus: prestar ao semelhante todo benefício que gostaríamos de receber dele se sofrêssemos suas carências.
* * *
A mão que liberta o homem da doença, da miséria, da ignorância, do infortúnio, para que a Vida ganhe as alturas, deve ser a filosofia de trabalho de todo Centro Espírita e, por extensão, de todos os espíritas.
A Doutrina Espírita deixa bem claro que não podemos nos omitir diante das misérias humanas.
É preciso fazer algo pelo semelhante.
O destino de nossa sociedade é o somatório de nossas ações.
Não se faz uma sociedade boa se, a par do exercício de cidadania, não houver o cultivo da solidariedade.
E aqueles que participam, que se dedicam a esse mister, logo fazem uma descoberta maravilhosa.
No empenho de ajudar o próximo, libertam-se das inquietações e angústias que afligem o homem comum, preso ao egoísmo.
Ajudando alguém a erguer-se de suas misérias, pairam acima das inquietações humanas.
Contribuindo para clarear sendas alheias, iluminam o próprio caminho...
E influenciando para o bem o destino de seus irmãos, percebem, deslumbrados, que encontraram sua gloriosa destinação.
Revista Reformador - Março - 1998
*****
O Sábio, o Aprendiz e a Poção Mágica - Histórias de uma cidade
Naquela cidade havia um homem de idade avançada e conhecimentos vastos. Era notado pela sua inteligência mas sobretudo pela sua capacidade de memorizar o conhecimento. Como já estava a ficar velho decidiu entregar o seu legado. Como não tinha descendencia aperfilhou um menino de rua. Procurou o mais vivaço, acolheu-o, deu-lhe carinho, alimentou-o e acima de tudo ensinou-o. O menino aprendeu a matemática de Pitagoras e Descartes; a fisica de Newton e Einstein; a quimica de Lavoisier e Mendeleev; descobriu a origem do mundo com Darwin; viu os astros como Galileu; aprendeu a falar inglês com Shakespeare; filosofou como Platão e Kant; debateu-se de ideais politicos com Karl Max; desafiou a arquitectura de Rafael.
O menino estava maravilhado com as portas que lhe abriam. Um dia o sábio encontrou-o triste. Aparentemente o menino sentia-se incapaz de armazenar mais conhecimento. O ancião estendeu-lhe um caldo quente e explicou-lhe: Esta é uma poção mágica. Não mágica do ponto de vista sobrenatural mas uma poção medicinal mágica. Permitirá que o teu cérebro fique ávido de saber e não conhecerás limites para o teu conhecimento. Ensinar-te-ei a fazê-la. Precisamos de uma folha de uma planta rarissima da qual apenas tenho conhecimento de um único pé.
O menino era agora feliz. Tomava a poção e aumentava o seu saber. Recitava poetas de cor, conhecia todos os textos sagrados de todas as religiões, conhecia a história de todos os mundos, sabia identificar todas as espécies, calculava mentalmente o mais dificil problema da fisica ou da matematica.
Começou a frequentar as festas da alta sociedade para as quais era muito solicitado. Maravilhava as jovens com a demonstração da sua sabedoria. Ele exibia-se e sentia-se vaidoso.
De dia para dia aumentava a sua obsessão pelo saber e sem dar conta consumiu a planta ate à sua ultima raiz.
A partir desse dia e sem a ajuda da poção não conseguiu nunca mais aumentar o seu conhecimento. O sábio agastado pela idade e infeliz com o sucedido desistiu de lutar pela vida. Toda a dedicação de uma vida centenária destruida pela vaidade e pelo egocentrismo. Ele que tinha confiado o seu legado da mesma forma que os antepassados lhe haviam deixado via agora o fim. Suspirou triste antes de morrer.
Revoltado com a sua imprudencia o menino, agora homem, usou das suas influencias junto da alta sociedade para obter o maximo de papel e tintas possivel. Foram dizimadas florestas, multiplicaram-se as plantações de Cannabis Sativa para que nunca lhe faltasse esse precioso bem. Passou o resto da sua vida registando no papel todos os conhecimentos que tinha obtido para que todos pudessem aceder a ele. Quando completou o indice de tão vasta biblioteca escreveu: Desprezo o poder do conhecimento para a humanidade quando usado com cega ambição e vaidade.
Esteves
Esteves
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(Antoine de Saint-Exupery).
"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."
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